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O projeto
O projeto MISSIONÁRIOS DIGITAIS
(missionariosdigitaisbrasil.com.br)-No processo de escuta do Sínodo sobre Sinodalidade (2021-2023), mais de 110 mil pessoas responderam a um questionário online promovido por 244 Missionários Digitais de todo o mundo, a partir da iniciativa “A Igreja escuta-te”. A ação fez parte da dinâmica Sinodal Digital. Entre as contribuições, há o pedido de uma aposta pastoral para esse setor.
A iniciativa “A Igreja escuta-te” foi promovida pelo Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, em colaboração com a Rede Informática da Igreja na América Latina, com a participação de contribuições em sete idiomas, incluindo o português.
Vale lembrar que um Sínodo eclesial é um processo de caminhada conjunta, em comunhão, participação e missão da Igreja Católica do mundo inteiro.
A partir das provocações da “Igreja escuta-te”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através da Comissão Episcopal para a Comunicação Social (Cepac), inicia um diálogo com missionários evangelizadores presentes no Continente Digital, com o intuito de ouvir, acolher, apoiar, ajudar e reconhecer e caminhar numa Igreja em saída na comunhão, participação e missão.
Escuta sinodal digital
Para entender melhor o processo Sinodal no Continente Digital, vamos apresentar trechos completos do documento síntese da “A Igreja escuta-te”, que identificou os diferentes agentes e ações na missão evangelizadora nesse contexto.
- Influenciadores/evangelizadores digitais: testemunhas que anunciam e ouvem (Igreja em saída) e acompanham (Igreja samaritana) com originalidade e criatividade nas linguagens e na técnica própria do ambiente digital.
- Seguidores: habitantes desses espaços digitais, que precisam de respostas para dúvidas existenciais, de fé, que buscam uma comunidade de identidade e pertencimento, que querem conversar e ser ouvido. (“habitantes” significa que concentram a sua atividade de fé nestes espaços)
- Processo Sinodal Digital: convocatória, catequese, envio missionário, animação e coordenação, consulta, coleta e análise de dados, propostas ao Sínodo.
Palavras-chave para compreender o processo Sinodal Digital
O Processo Sinodal Digital é apresentado em binômios chave: quatro orientados para as pessoas e quatro destinadas ao ambiente digital.
As pessoas:
- Laicato e corresponsabilidade: descoberta de influenciadores/missionários digitais desde a perspectiva do Vaticano II, como verdadeiros evangelizadores, corresponsáveis pela ação na Igreja e no mundo, segundo a identidade e missão que lhes corresponde como discípulos batizados e missionários. Além da grande presença de sacerdotes, religiosos e pessoas consagradas, com autêntica audácia e criatividade missionária, a presença leiga transborda nas redes. Eles amam Jesus e conhecem o mundo.
- Missionariedade e acompanhamento: devido ao seu caráter missionário, o projeto foi proposto fazer o chamado a ser uma Igreja em saída que vai às periferias existenciais para que ninguém ser excluído do processo de escuta sinodal. A modalidade de evangelização em rede manifestou uma verdadeira relação humana e cristã entre influenciadores/evangelizadores digitais e os seguidores. Essa relação gerou uma interatividade entre o anúncio, a busca pela fé e a acompanhamento. Ele evocou, convocou e acompanhou a busca.
- Contatos e Links: existem dois tipos de relacionamento, o de influenciadores/evangelizadores digital com seus seguidores e dos influenciadores/evangelizadores digitais entre si. No que diz respeito ao primeiro, observou-se que os evangelizadores fortaleceram e ampliaram ainda mais o conhecimento e os laços em suas comunidades. Quanto ao segundo, as relações foram estendidas além dos seus círculos conhecidos, conseguindo uma união mais comunitária em rede, oferecendo uma possibilidade sentir-se comunidade eclesial, acompanhada e participante na vida missionária de toda a Igreja.
- Solidão e comunhão: Os influenciadores/evangelizadores expressaram a necessidade de ser escutado, acompanhado, ajudado, reconhecido e integrado. Eles descobriram a comunidade na Igreja Universal, aberta ao intercâmbio, ao apoio e ao amparo. As pessoas sentiram ligações, ligaram para outros, receberam a proposta e geraram processos, viraram cocriadores do projeto, eles se envolveram. A celebração do envio missionário marcou a espiritualidade e a identidade. Influenciadores e seguidores expressaram profunda gratidão pelo processo sinodal.
O ambiente digital:
- Instrumento e lugar: a tecnologia digital foi originalmente entendida e utilizada como instrumento de promoção e comunicação. Mas o seu desenvolvimento e implementação social geraram um novo espaço humano. A perspectiva de conceber esta nova cultura a partir da noção de Continente Digital, consiste em incorporar o conceito de ser um “lugar” (locus) que deve ser habitado e com a visão dos nativos digitais, não basta usar a rede, é preciso entendê-la, é preciso habitá-lo, com sua linguagem e sua dinâmica, porque o que não se assume não se redime.
- Humano e sobrenatural: nas relações e atividades que se desenvolvem na rede, foi levado consciência da humanidade e o significado sobrenatural que pode ser estabelecido nesses vínculos. Porque sempre que se estabelece um vínculo entre as pessoas, existe um “eu” e um “você”, e este também é verificado em espaços digitais. As experiências, visíveis na pandemia, mostram até que ponto, quando há a busca e a intenção, há um acontecimento que nos abre ao espiritual.
- Real e digital: pessoas, tempos, afetos, fé, relacionamentos são sempre reais, o que é digital é o meio e o lugar que serve para estabelecer vínculos e poder compartilhar na distância. A interatividade é mediada pelo digital que não anula, aliás, é um veículo de relacionamentos e experiências verdadeiras.
- Instituição e carisma: a experiência sinodal permitiu-nos compreender que os influenciadores/evangelizadores digitais se movimentavam, com criatividade e coragem, evangelizando cada um com seu carisma, sem estrutura institucional formal, inovando e antecipando um pastoral na esfera digital. Ficou evidente o desejo e a necessidade de estabelecer um relacionamento formal e recíproca com a instituição eclesial, tanto para ser reconhecida e acompanhada como para contribuir para a vida institucional do ponto de vista da comunicação e da cultura digital.